Ameaça de gripe aviária deve preocupar o mercado nacional? E a saúde humana?
- Judcer
- 24 de fev. de 2023
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Em 15 de fevereiro chegou a notícia do primeiro caso de gripe aviária ao Uruguai, país fronteiriço. A gripe aviária é considerada uma doença exótica no Brasil e nunca foi antes detectada no território nacional. Costuma espalhar-se através de aves migratórias com o vírus da Influenza Aviária, e nas Américas o vírus da Influenza “A”, que é o H5N1 foi identificado pela primeira vez em aves domésticas e selvagens em dezembro de 2014, na América do Norte. Desde então cerca de 14 países já detectaram a doença no continente, incluindo Estados Unidos, Canadá, México, Equador, Colômbia, Bolívia, dentre outros e agora o Uruguai.
A preocupação gerada com o Uruguai registrando seu primeiro caso, aos empresários do setor da avicultura, é justamente o fato de sua fronteira dar-se justamente com os estados brasileiros com os maiores polos produtores de avicultura de corte, sendo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os estados juntos concentram 70% da produção nacional e 80% das exportações brasileiras de carne de frango. No ano passado o Brasil foi o terceiro maior produtor de carne de frango e o maior exportador do mundo, sendo 4,8 milhões de toneladas para todo o mundo. A estimativa deste ano é exportar mais de 5 milhões de toneladas.
O fato de ter se constatado caso no Uruguai eleva e muito o risco para o Brasil, em vista de justamente neste período estar acontecendo as migrações de aves, que vão geralmente de novembro a abril.
Caso ocorra um caso no Brasil não significa que automaticamente as exportações serão comprometidas, uma vez que são permitidas exportações de carnes produzidas a mais de 10 quilômetros do raio do foco, segundo entendimento da Organização da Saúde Animal. Porém, caso haja contaminação na região sul, o risco de uma expansão do vírus é mais alto justamente pela quantidade de aviculturas. Se os casos forem detectados fora das áreas de granjas comerciais, é bem provável que não haja grandes impactos mercantis. Lembrando que a letalidade da gripe em aves é de praticamente 100%.
Quanto a saúde humana, ainda há descobertas a serem realizadas, mas frisa-se que a Gripe Aviária pode ser transmitida para humanos quando há o contato com aves infectadas. Estima-se que a letalidade em humanos seja de 60%, segundo material publicado na UOL que contou com as informações de Vanessa Sardinha dos Santos, Bióloga e Professora. Contudo, na primeira epidemia havida em Hong Kong, em 1997, dos 18 infectados, morreram 6 pessoas, o que contraria o percentual acima, ainda mais considerando o fato de ter sido a primeira experiência humana com o vírus, o que portanto imagina-se um natural despreparo inicial. Lembrando que o vírus leva a sintomas semelhantes ao da gripe humana, porém aparentemente mais intensos, e pode evoluir para quadros de pneumonia.
No entanto, há que se frisar que há uma série de cepas diferentes, o que pode alterar sensivelmente a letalidade do vírus.
Segundo a CNN, a OMS no início de fevereiro deste ano avaliou os riscos da gripe aviária para humanos como baixo, contudo, mudou o discurso após os casos ocorridos no Camboja, onde uma menina de 11 anos faleceu, e alterou a avaliação da Organização Mundial de Saúde para “preocupante”, e pede que países levem a sério os riscos do vírus Influenza H5N1. Ainda segundo a CNN, não foi possível até o momento saber se há a transmissão entre humanos ou se somente ocorre a partir da ave infectada, pois até o momento os infectados mantinham convívio em mesmo ambiente, ou seja, com animais infectados.
Autoria: Equipe Judcer
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